História da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas no Brasil (AICEB)

Há mais de um século (1893) chegou à Barra do Corda no Maranhão, o primeiro crente e pregador João Batista Pinheiro, cearense de Icó; converteu-se em Recife e após seis meses de conversão, empreendeu a longa viagem que o fez retornar ao seio da família e parentes, todos migrantes da seca (dizem ter sido uma das maiores do nordeste na década de 70 do ano de 1800) e recém chegados naquela cidade do sertão maranhense. Deficiente físico, João Batista, perdeu suas pernas que lhe foram amputadas, pela infecção causada pela peste bubônica, transmitida por ratos.
A infecção sofrida fez com que os médicos lhe amputassem uma perna no Ceará e a outra em São Luís do Maranhão. Tornou-se mendigo e para tirar suas esmolas chegou à capital de Pernambuco, onde depois de alguns dias foi alcançado pela graça de Deus pelo ministério da Igreja Presbiteriana naqueles passados tempos. Chegando à Barra do Corda, mesmo aleijado "ele cumpria fielmente sua nobre missão de evangelizar os parentes e visinhos". Foi perseguido vorazmente pelos inimigos da fé evangélica e por duas vezes quase o mataram não fora a providência graciosa do seu Senhor. Abrigado nos braços divinos foi morar mais tarde a 36 quilômetros da cidade, onde sua parentela e outros formaram um povoado ao redor de uma lagoa. João Batista era o evangelista incansável que lhes transmitia o evangelho, naquela vila, nascedouro da primeira congregação que se abrigava num pequeno templo coberto de palhas de babaçu e chão batido. Ali foi lançada a pequena semente que germinou e se transformou na árvore denominacional, conhecida hoje como Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil.
Na sua velhice o primeiro homem da nossa história, cego e doente orava a Deus que enviasse um substituto para aquela congregação de crentes, localizada naquelas terras férteis e produtivas, chamadas de Centro dos Protestantes. As famílias Pinheiro, Barros, Felipe, Oliveira, Gomes, Silva e mais tarde Leite ali se instalaram com muitos dos seus membros os quais prosperaram na vida espiritual e na vida material, esta na lavoura e na pecuária. Nos dias de Festa e Ano Novo os irmãos celebravam naquele povoado sua maior confraternização nos cultos de adoração, louvor e pregações. João Batista era seu pregador e líder espiritual por muitos anos. Pessoas dos arredores e dos municípios visinhos compareciam àqueles eventos e muitos eram alcançados para Jesus naqueles dias primeiros de nossas raízes.
Em atendimento às orações de João Batista Pinheiro, o Senhor Deus mandou do Canadá o primeiro missionário da nossa enorme galeria de pioneiros: Perrin Smith. Chagado ao Brasil, mais precisamente à Grajaú em 1905, jovem solteiro, casou-se com uma brasileira, Ana Tavares Bastos e realizou desde a sua chegada um maravilhoso trabalho na cidade, interior e sul do Maranhão, evangelizando e ganhando vidas para o Reino de Deus, além de organizar a primeira congregação em Grajaú. O fato que associou Perrin Smith à congregação de Centro dos Protestantes ocorreu em 1912, quando viajou com a família ao Canadá. Para viajar a São Luís era necessário embarcar em Barra do Corda, pelo rio Mearim.
Ao chegar naquela cidade foi informado que a 36 quilômetros havia a congregação fundada por João Batista Pinheiro e foi conhecê-la. Quando foi apresentado ao velho pregador, este agradeceu a Deus por ter mandado o homem que ajudaria os irmãos, em seu lugar. Foi assim que em 1914 ao voltar do Canadá mudou "seu centro de atividade missionária para Barra do Corda". Para se manter, aquele homem de Deus "cultivava a terra e criava algumas cabeças de gado", numa pequena propriedade que ele comprou próxima à cidade. Dirigia a primeira congregação ali, além de dar apoio à congregação do interior, e ainda fazia viagens, muitas vezes com sua família e uma comitiva de jovens crentes naqueles dias áureos de avanço da obra. Outros missionários chegaram ao Brasil e o centro maior de suas atividades foi Barra do Corda onde havia o Instituto Bíblico do Maranhão fundado em 1936 pelo Rev. Jorge Thomas. Obreiros nacionais, formados naquela casa e obreiros estrangeiros deram-se as mãos e os corações no trabalho que ia crescendo como uma árvore viçosa a qual serve de abrigo às aves do céu. Em 17 de julho de 1947, numa convenção de obreiros e igrejas foi organizada na cidade de Barra do Corda, Maranhão, a Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Norte do Brasil, com mais ou menos 10 igrejas.
Hoje somos Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil sendo que o nosso campo de trabalho se estende desde Roraima até São Paulo, com o ministério de pregação do evangelho de Cristo. Em número somos neste dia: 176 igrejas, 152 congregações e 31 campos missionários. Somos hoje uma organização próspera que tem se esforçado a pregar a sã doutrina dos apóstolos: cremos que a Bíblia é a única regra de fé e prática para o crente: cremos que toda Escritura é inspirada por Deus; cremos na volta gloriosa de Cristo à terra e na ressurreição dos justos e no julgamento destes para galardão e daqueles que morrerem em seus pecados para condenação. (Temos a nossa Confissão de Fé mais abrangente). Procuramos também manter a decência e a ordem nos cultos e nos ajuntamentos congregacionais.
Somos hoje, também, mais de 250 obreiros entre ministros, pastores licenciados e provisionados, educadores cristãos e dirigentes autorizados (evangelistas). Estamos em 10 estados do Brasil: Roraima, Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Goiás, Maranhão, Piauí, Bahia, São Paulo e no Distrito Federal. Louvamos a Deus pela sua graça que nos tem acompanhado ao longo de nossa história.
São Luís, 10 de Junho de 2011.
Pr. Enoque Vieira de Santana
Presidente
 
 

 

Comentários

  1. Ministro congregacional no interior de Pernambuco e da Paraíba, sempre admiramos o florescente trabalho cristão evangélico no Norte do Brasil, devido à amizade fraternal do meu Pai - Pr. Edgard Leitão e o Pr. Abdoral Fernandes da Silva,
    companheiros desde 1946, quando estudaram no Instituto Bíblico em Fortaleza. Louvamos a Deus pela vida dos dedicados pioneiros e dos seus fiéis sucessores, na implantação de igrejas e na expansão missionária, em toda a Região Setentrional.
    Há mais de vinte anos, visitamos Barra do Corda,
    convidado pelo nosso colega e conterrâneo, Pr. Ezequias José da Silva, guardando boas recordações
    dessa estadia no campo maranhense.
    Encerramos, relembrando a exortação encontrada na Primeira carta aos Coríntios 15: 58.
    Abraça-os
    Júlio Leitão de Melo Neto
    jlmeloneto@hotmail.com

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